Restaurar uma guitarra de 12 cordas
Os maiores desafios são sempre os que nos dão mais satisfação de resolver. Portanto, que desafio podia ser maior do que uma guitarra de 6 cordas?..Obvio…Uma de 12!
E se ela for mesmo velhinha; digamos, dos anos 60; então melhor ainda!
Passava das 22h quando me tocaram a campainha com um bacalhau na mão (digo bacalhau derivado às proporções pouco convencionais, e de estarmos perto do Natal)
Notava-se que a guitarra já tinha uns bons anos sem ser usada. Faltava a ponte e a pestana. Não tinha a parte traseira que protegia o trussrod e muita ferrugem e sujidade completavam um quadro desalentador. Não havia nada mais a dizer: Mãos à obra.
O mais complicado foi encontrar a ponte. Pura e simplesmente não havia uma peça semelhante no mercado. Tivemos de pegar nos endereços de e-mail e pedir informações à própria empresa BURNS. Informaram-nos que tinham essa ponte, mas apenas em dourado. Vejam só a raridade com que nos estávamos a deparar….Aliás, no meio de trocas de e-mail, soubemos pela própria empresa que esta guitarra é muito apreciada por coleccionadores. Mais um ponto ao seu favor!
Com suma paciência fomos restaurando a guitarra: Fizemos uma bela pestana. Lubrificamos os carrilhões. Substituímos 2 potenciómetros. Limpamos a guitarra e colocámos a fera a trabalhar. Depois de várias horas víamos o nosso trabalho a reluzir.
Estas guitarras têm um sistema de trussrod um bocado diferente dos convencionais Fender/Gibson. Fica no fim do braço e é acessível pela parte traseira da guitarra. Quando ia para ajustar a curvatura vi que me faltava alguma coisa…a tampa!
Rapidamente peguei na régua de precisão e tirei os apontamentos. Para ser igual a original só faltava gravar o nº de série.
E assim, mais uma guitarra ganhou novamente vida. É pena que não consiga fazer o mesmo com o Elvis (que costumava tocar com uma destas).
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