Blog, Noticias, Reparação de Guitarras

Gibson aligeira o peso da Les Paul

Hoje vou narrar um tema que pode ser bastante controverso no mundo das guitarras eléctricas. Eu pessoalmente quando soube desta notícia fiquei um bocado desconcertado. Vamos falar dos buracos que a Gibson faz para aligeirar o peso das suas guitarras, conhecidos como “Weight relief holes”.

Sem dúvida que a Gibson Les Paul é um dos modelos de guitarra mais famosos que existe. Contudo, é conhecida como um modelo Solid Body!!! Contudo, numa data não determinada dentro dos inícios dos 80, começaram a aparecer umas Les Paul mais leves que qualquer modelo anterior, e até mesmo da concorrência. Algo estranho se estava a passar…

Em finais dos anos 90 o escândalo se torna público: A Gibson abria uma serie de orifícios, tal como um queijo suíço, no interior do corpo de mogno, em locais que nunca seriam vistos. Algo um bocado às escondidas do público.

Não acreditam? Vejam as inúmeras radiografias que circulam na internet.

Agora temos de pensar: Será isto falta de ética? Será correcto? Como todos sabem, estamos a falar de guitarras que valem sempre mais de 1000€ na gama baixa. Porque todos sabem que a média é de 3500€ (tenhamos em mente que muitas PRS possuem cavidades, mas estas nunca foram escondidas do grande público)

No entanto, temos de considerar que estas guitarras revalorizavam com o tempo até se saber esta história dos orifícios. Afinal, o pessoal estava satisfeito com os buraquinhos até saberem deles.

Quando é que a Gibson começou com estas perfurações ninguém o sabe correctamente, mas calcula-se que desde 1982. Agora, a partir de 1998 todos os modelos Les Paul, excepto as reedições históricas das Custom Shop, são vandalizadas com estes orifícios.

A finais dos 90, a Gibson queixa-se que o mogno leve tem-se tornado escasso na natureza. Para evitar um peso exagerado, decidem perfurar o mogno. Alegaram que o seu departamento técnico tinha feito inúmeras investigações e concluíram que não havia diferença detectável a nível sonoro entre uma guitarra perfurada e uma intacta.

Sinceramente deixa-me com a pulga atrás da orelha. Se detectamos diferenças entre pontes de ferro ou de alumínio; Se detectamos diferenças sonoras entre o Rosewood e o ébano; Ha pessoas que detectam diferenças ao retirar a tampa traseira do trémolo; entre usar pot’s CTS ou não, em usar as cordas na ponte ou «through the body» e muitas mais, muitas mais! Será que retirar uma boa percentagem de madeira na guitarra não marcará diferença?

Talvez as diferenças sejam mínimas, mas são os pequenos detalhes que marcam a diferença quando falamos de gamas altas…certo?

Agora dêem-me a vossa opinião. Que acham do assunto? Usem os comentários para se expressarem. Valerá a pena gastar tanto dinheiro numa Gibson Les Paul, pensando nós que é uma solid body, quando mais parece uma Hollow?

15 thoughts on “Gibson aligeira o peso da Les Paul

  1. Manuel Dias diz:

    Acho um disparate dizer-se que os buracos são por uma questão de economia de madeira, pois se num bocado de madeira são feitos uns buracos, o que se vai fazer com a serradura e pedaços de madeira que saem dos buracos? Outra guitarra? O argumento da poupança não pega, tanto mais que certamente as guitarras com câmaras, por envolverem mais um processo de fabricação, têm um custo agravado. Não faz sentido, apesar dos tradicionalistas serem barulhentos em relação a este assunto.

    As câmaras no interior da Gibson são feitas por uma questão de aumentar a ressonância, alterar o timbre e reduzir o peso da guitarra. Claro que faz diferença.

    A Gibson nos seus modelos novos faz câmaras, inclusivamente nos Custom Shop – eu tenho uma Les Paul Custom e esta tem câmaras – mas os modelos recreação de guitarras históricas VOS estas câmaras não existem – são iguais às que os mais tradicionalistas gostam.

    Quem fica a ganhar é o cliente, pois tem uma gama de guitarras mais diversificada para escolher.

    A Gibson optou pelas câmaras nas guitarras porque em testes que efectuou junto de clientes estes gostaram mais destas guitarras.

    No momento em que comprei a minha guitarra, fiquei muito indeciso na compra de uma Les Paul Custom 1957 ou uma contemporânea. Decidi-me pela contemporânea, não pelo preço – é mais barata – mas pelo som. A 1957 soa de facto mais vintage, parece visualmente vintage pois é artificialmente envelhecida, é sem dúvida uma obra de arte.

    No entanto a contemporânea tem também um som mais contemporâneo, que eu aprecio mais, com um timbre que, no canal limpo do amplificador, só posso comparar ao de um piano Steinway, muito muito bom. Depois também, confesso, não gosto de comprar coisas envelhecidas artificialmente a pretender ser vintage, quero comprar uma guitarra nova e reluzente e deixa-la ir ganhando marcas de uso – as minhas marcas de uso.

    Voltando ainda à questão inicial dos buracos (câmaras), acho de certa forma curioso que algumas pessoas possam achar em relação às Gibson há um modelo ou um ano em que as guitarras eram muito boas, excepcionais, e que agora as coisas não são assim. De facto, houve épocas nos anos 70 e 80 em que a qualidade das mesmas deixou um pouco a desejar. Aliás, ainda hoje, entre modelos novos iguais há diferenças significativas – assim são as guitarras -, umas soam melhor do que outras. No entanto, as guitarras vão evoluindo de acordo com as «necessidades de som» dos clientes. A Gibson Les Paul Standard 2008, que já experimentei e gostei, diz-se que é uma das melhores guitarras de sempre da Gibson, e vem com câmaras. Experimentem e oiçam. E a música de 2010 é diferente da de 1959.

    A Gibson penso que compreende bem o seu mercado e continua a construir guitarras óptimas para esse mercado, guitarras com sucesso, que vendem bem, que deixam as pessoas satisfeitas e fazem outras suspirar por um dia poder comprar uma. Confundir uma Les Paul, que é uma guitarra solid body (apesar das câmaras) com uma hollow body parece-me absolutamente despropositado. Aconselho então comparar uma Les Paul e uma ES 335 e tirar-se conclusões.

    Cumprimentos

    1. Desde já muito obrigado pelo seu comentário. Gostei muito de alguns pontos. Bastante elucidativo!

      Contudo, gostava de dar o meu ponto de vista sobre o seu comentario.

      1º Em nenhum momento indiquei que os buracos fossem feitos por uma questão de economia de madeira. Sempre fui claro que sería para reduzir o peso das guitarras (e a própria Gibson) Dai não ter compreendido o porque de você ter tocado nesse assunto. Contudo, o serrim dá para fazer muita coisa. A gibson pode bem vendê-lo para rentabilização ou aproveitamento, como combustível de caldeiras.

      As câmaras no interior da Gibson são feitas por uma questão de aumentar a ressonância, alterar o timbre e reduzir o peso da guitarra. Claro que faz diferença. Concordo plenamente consigo!

      A Gibson optou pelas câmaras nas guitarras porque em testes que efectuou junto de clientes estes gostaram mais destas guitarras Compreendo este ponto. Mas aquilo que me refiro no artigo não é sobre as cámaras, mas sim dos buracos que eles andaram a fazer sem tornar público. Não quero com isto dizer que as guitarras possam soar pior ou melhor que as inteiras. Até porque disse que elas valorizaram até se saber que estavam esburacadas. Eu pessoalmente discordo da maneira como a Gibson geriu isto. Esperou mais de 15 anos para assumir que as guitarras estavam a ser furadas para depois dar uma pseudo-desculpa. É aqui onde reside a minha indignação.

      Confundir uma Les Paul, que é uma guitarra solid body (apesar das câmaras) com uma hollow body parece-me absolutamente despropositado. Aconselho então comparar uma Les Paul e uma ES 335 e tirar-se conclusões. Sim,. reconheço que exagerei neste ponto. Mas uma Les Paul escavacada não pode ser considerada uma Solid Body no seu estado puro…

      Obrigado.

  2. Manuel Dias diz:

    Caro José Pereira,

    Sabe que há algumas teorias conspirativas sobre os buracos nas gibson, não digo que tenha sido você, mas nos foruns muitas pessoas vêm com o argumento da economia que, convenhamos, é pateta. Aliás, não interprete os meus comentários a este post como especialmente dirigidos a si, mas mais «ao diz que se diz». A conversa sobre guitarras é, deve ser, sempre um prazer – um bom tema de conversa.

    Talvez haja então alguma confusão minha entre as câmaras e os buracos, que eu depreendi serem a mesma coisa. O que eu depreendi é que por uma questão de peso, o interior da guitarra não é inteiramente maciço. Realmente se as coisas aconteceram assim, sem o reconhecimento público, ou mesmo ocultação do problema, não cai muito bem em termos de imagem de marca.

    Nem sei bem qual Les Paul especificamente se referiu, pois recordo-me de um modelo lançado em finais dos anos 80, a Les Paul Light, de espessura mais fina e peso reduzido. Mas penso que não seja dessas, certo?

    A ser assim a questão dos buracos – que acredito que seja – sinceramente não me choca muito. A gibson é uma marca com uma mística muito especial. As Les Paul especialmente. Não me admira muito que a Gibson possa ser esquiva em relação aos segredos das suas guitarras, ligas exactas dos metais usadas, a localização das câmaras, origem das madeiras, tempos de envelhecimento, etc. Assim se criam as lendas. Na questão dos buracos a história saiu-lhes mal.

    Cumprimentos

  3. Há quem diga que detecta a diferença entre jacks banhados a ouro e jacks niquelados.
    Eu acho isso tudo treta.

    Cá para mim, e devido à natureza tão “caótica” do crescimento das árvores, acho:
    1. ridículo comparar duas guitarras do mesmo modelo, pois as peças de madeira são diferentes; e
    2. irrelevante tanto ao nível de diferença de peso como ao nível da diferença sonora.

    Resumindo e concluíndo: não me faz diferença ser furada ou não. Por mim, até podia ser feita de MDF, desde que soasse bem…

  4. Filipe Moreira diz:

    Viva,

    Antes de mais,
    Zezito, és o maior, e desculpa se fizer algum comentário menos correcto, mas ainda sou novato nestes temas. xD

    DÚVIDAS:

    1º A Gibson só aplicou esta “diminuição de peso” aos modelos Les Paul “solid body”?

    2º Tenho uma guitarra modelo Les Paul, poderá ter ela também ter “buraquinhos”?
    Quanto pesa em média um modelo Les Paul solid body?

    1. 1º Aquilo que sei é que todas as Gibson (excepto as custom) são construidas com estes furos,, Posso estar errado, mas foi o que me informaram.
      2º A tua é uma Epiphone. Não me consta que nesta marca tenham feito isso, mas para tirar as dúvidas vais ao teu médico de familia, pedes um P1 para tirar uma radiografia a tua gaja e dúvida ressolvida!

  5. H. Chernicharo diz:

    Eu só acho que a Gibson manteve segredo em relação aos buracos, porquer é um segredo industrial da marca, assim, as marcas copiam as Les Paul e não conseguem obter o mesmo timbre, entenderam?
    Por que a Coca-Cola não ensina como fazer seus refrigerantes??? Óbivo.

  6. Rogério diz:

    Sou aqui do Brasil, tenho uma lespaul chinesa em nato e não sei se ela tem esse tipo de recurso, fiquei surpreso em saber dessas câmaras, comprovadas pelas radiografias. Acho que seria direito dos consumidores saberem da sua existência, já vi projetos da lespaul em cad na internet e não haviam câmaras. Sendo esse mogno leve raro, acredito que com a divulgação que a grande Gibson teve que fazer câmaras para compensar sua falta, o preço de uma guitarra antiga irá disparar.
    Se essa mudança foi boa, então não teria porque não ser oficial.

    1. Obrigado pelo seu comentário.

  7. duarte pessanha diz:

    ola! li com muita atençao todos os comentarios que todos tiveram pontos de vista muito interessantes! acima de tudo na minha modesta opiniao pessoal acho que a gibson tentou fazer guitarras mais leves so isso! porque 1 les paul das antigas é muito pesada! entao pos mais leve! tenho 1 gibson marauder de 1975 e 1 sg 61 ressue! ambas tem 1 som fabuloso tenho tambem 1 ybanez copia da les paul de 1979 super pesada com 1 grande som tambem pois mudei todo o harware com peças genuinas da gibson! o que me facnina na gibson é o som esprcialmente dos capatadore 57 ! grande som! saudaçoes musicais para todos!

  8. zone2097 diz:

    Sinceramente acho que toda esta intriga não faz sentido.

    O que interessa é como as guitarras soam.
    Eu não compraria uma guitarra destas sem a experimentar primeiro e se o som me agradasse estaria-me nas tintas para o facto de ter ou não buracos.

    1. Totalmente de acordo!

  9. jc diz:

    As guitarras atuais sao feitas em mogno africano, anterormente canadense. A madeira africana e mais leve. Assim, ha problema de densidade. O mogno e conhecida como uma madeira morta. Por isso o tampo de maple. Dai a caracteristica da les paul de rosnar. Juncao do mogno e mapple. A solucao foi fazer as cavidades dando a mesma entonacao ou reverberacao. A justificacao de peso e`balela da fabrica.

    1. admin diz:

      Obrigado pelo seu comentário.
      Contudo, permita-me corrigi-lo num ponto. Anteriormente a Gibson usava Mogno das Honduras e não “canadense”

  10. mc diz:

    gibson lp studio 98 pesa 4.2k ;fender stratocaster rosewood/ash natural 79 pesa 4.2k; peavey reactor-tele maple/poplar 94 pesa 3.7k ,em geral quanto mais pesada a madeira do corpo maior o sustain sobre a questão dos buracos cada cabeça sua sentença nada melhor que qestionar o fabricante.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *