Reza a lenda que nos arredores da cidade de Matosinhos uma criatura sem igual aterrorizava os transeuntes ao cair da noite. Os assustados apelidavam-lhe a “Guitarra sem Cabeça”
Bem…Obviamente que aquilo que vos vou contar hoje não é uma história de assustar os meninos antes de deitar na cama, mas certamente foi uma cena de terror para o dono ver a sua guitarra sem cabeça!
É frequente, por desleixo ou distracção, pousar a guitarra em qualquer canto e depois…os acidentes acontecem. Já tinha tempo que não falava sobre guitarras decapitadas e decidi que seria bom lembrar aos incautos que as guitarras também podem perder a cabeça (e não propriamente por amor)
Entregaram-me a guitarra num sábado de tarde, mas com o pedido de que não era para gastar muito nela, sob a pena de o conserto valer mais do que a guitarra. Dai a estética ficar em segundo plano.
No início da semana colocamos mãos a obra. Já efectuamos esta operação dezenas de vezes em guitarras clássicas. Com uma precisão cirúrgica, colocamos uma barra de aço no interior da guitarra para reforçar a área afectada. Podem reparar na foto que temos muito pouco espaço para colocar a dita barra.
O seguinte passo é colar e prensar (no mínimo 24 horas de prensagem!)
Como não sou adepto de deixar as guitarras mal acabadas, decidi preencher a área de verniz estalado com verniz. Lixei e poli até ser quase imperceptível. Não há nada mais desagradável do que sentir uma protuberância no braço enquanto tocamos.
E dai que corrigi este pormenor sabendo que não iria ganhar mais por isso, pois o mais importante é ter gente satisfeita com o nosso trabalho. É esse o espírito!