Substituição de trussrod e troca de trastes numa Fender Bullet Deluxe
Típico caso 2 em 1. Esta guitarra merece um artigo pela sua raridade. Fender Bullet Deluxe, um modelo de baixa/média gama que a Fender lançou em inícios de 80´.
Assim como muitas Mustang possui uma escala muito fina, o que seria uma possível dor de cabeça na hora de retirar a escala. Mas tal não aconteceu.
No caso desta guitarra teríamos de:
- Substituir o trussrod, dado que o nosso cliente desconfiava que estivesse partido.
- Substituição dos trastes dado que os actuais já estavam bastante gastos.
- Efectuar o serviço em apenas 2 dias.
- Não re-envernizar o braço para não alterar o verniz original.
Sendo assim, mal o braço deu entrada procedemos à sua desmontagem:
Fizemos uma avaliação do trussrod, de facto, a porca rodava livremente o que por si só é péssimo sinal.
Retiramos os trastes depois de descolar a escala. Preferimos fazer nesta sequência para evitar que a escala partisse pelos sulcos.
Para além disso, o calor ajudaria a soltar os trastes. A escala fina não foi problema algum, como inicialmente pensei, antes pelo contrário, o calor passou mais depressa para descolar a nossa escala. Com uma espátula foi um instante!
Fui ver qual foi a causa da falha e cheguei a conclusão de que foi um esforço que destruiu a rosca do varão do trussrod. Como recomendação só posso dizer que devem evitar apertar em demasia. Isso de apertar 1/4 de volta todos os dias durante um mês é um mito. A porca chegando ao fim não vale a pena apertar mais….
Lamentavelmente não tínhamos em stock um trussrod tradicional com aquela espessura. Sendo assim, recomendamos um trussrod com reforço. Para adaptar o braço ao novo tipo de trussrod bastou utilizar a nossa nova tupia, uma Makita ref: 700. Aplicamos uma fresa com a espessura do trussrod ( 6,34mm ou 1/4″) e ajustamos a medida da altura.
Aplicamos o novo trussrod, e deixamos prensado durante 24h.
No dia seguinte alisamos a escala com a nossa barra rectificadora e aplicamos trastes medium-jumbo. (É um processo moroso que algum dia explicaremos passo a passo).
Manualmente aplicamos umas demãos ligeiras de verniz na zona da junção. Este é um trabalho ingrato pois nunca fica a 100% se for feito desta maneira. O ideal seria desbastar o braço e voltar a envernizar.
Testamos o nosso trabalho e nos apercebemos do único inconveniente do nosso serviço. A pestana estava baixa.
Por costume, ao substituir os trastes também substituímos a pestana, mas como o nosso cliente nos pediu para manter a peça original aplicamos pó de osso nos sulcos com cianoacrilatos.
O resultado, como de costume, é sempre satisfatório.
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