Pintar Guitarra-Van Halen Style

Desta vez apresentamos uma das guitarras mais “originais” que cá fizemos alguma vez na nossa carreira. Não posso chama-la de Frankenstrat, dada as suas diferenças e “originalidade”. Embora também não foi intenção nossa fazer uma réplica exacta desta guitarra…

Digamos que é uma Van Halen Style…

Inicialmente esta guitarra era para ser um Green Swirl, mas depois de algumas tentativas, a nossa pintura não correu da melhor maneira. O Swirl é uma técnica, que embora pareça simples tem as suas manias. Só por mudar a marca da tinta ou por não calcular bem as quantidades nos produtos já temos um desastre visual em vez de uma obra de arte.

Decidimos então alterar o design da guitarra para o de uma Frankenstrat.

Recebemos pelos CTT a guitarra. Que seria uma prenda para um irmão mais novo que faria anos brevemente (quem dera ter irmãos mais velhos destes). Era um Kit que não trazia o braço. Resolvemos aproveitar um braço de uma Ibanez RG que já estava encostado há muito tempo no nosso atelier. Com as devidas rectificações encaixou que nem uma luva.

Resolvemos fazer um nivelamento ao braço para melhorar a sua tocabilidade e logo a seguir aplicamos-lhes uns trastes Jumbo (dado que os anteriores tinham sido retirados)

De seguida lixamos toda a guitarra para eliminar toda a desgraça do Swirl. De seguida aplicamos as primeiras camadas de cor (neste caso é tinta negra) Para nos salvaguardar de algum problema com camadas superiores, colocamos 2 demãos de verniz para separarmos o negro das outras tintas. (uma técnica muito útil, para sunbursts, e outros)

Depois está na hora de demonstrar os nossos dotes artísticos com a fita-cola. Temos de ter em atenção o resultado final, pensando que este processo é semelhante a um “negativo” fotográfico.

De seguida aplicamos duas demãos de tinta branca e retiramos a fita-cola passado meia hora (não é conveniente deixar secar muito) Com celeridade limpamos algumas áreas que tenham ficado menos correctas (acontece com frequência a tinta passar por baixo da fita-cola)

Encima disto, aplicamos várias camadas de verniz, para nivelar a diferença de espessura entre as duas tintas, na medida do possível. Para além disso, evita-se a todo custo que se tenha de lixar a tinta branca já que por causa dos resíduos da lixagem pode ficar uma névoa sobre a tinta negra.

Deixamos secar a tinta e o verniz por uns largos dias (aproximadamente 15 dias) para que estas tenham tempo de secar e abater. Seguidamente, está na hora de lixar até nivelarmos as duas cores. É um processo moroso, mas necessário.

Depois de nivelado, voltamos aplicar fita-cola para depois proceder com a pintura vermelha. Por hábito, a pintura vermelha é um bocado ingrata. Se for um vermelho claro necessita muitas demãos para cobrir a diferencia entre tintas. Eu, por exemplo, necessitei de cinco demãos de tinta para poder eliminar a diferença existente entre o branco e o negro!?

Esta quantidade de demãos são um problema sério na hora de descolar a fita e para voltar a preencher com verniz. Gradualmente, fomos aplicando diversas camadas de verniz (aprox 12-15demãos) para conseguimos o efeito desejado.

É mesmo muito ingrato. Pois no meio de tanta camada de verniz existe uma maior probabilidade de apanhar partículas de pó (que ficam presas no meio do verniz sob a forma de pequenos pontos).

No obstante, conseguimos um resultado bastante satisfatório.

Mais 15 dias de secagem e voltamos a lixar. E finalmente dar a última demão de verniz.

O braço, dado que era uma peça antiga e já esmurrada (com afinadores incompatíveis) optamos por escurecer o verniz com corante. Mas na hora da preparação ocorreu-nos um erro. Exageramos no corante!!! Contudo, a opção ficou tão agradável, que mandei fotos ao cliente em vez de raspar o verniz escurecido. A resposta foi: Excelente!

Uns dias depois polimos a guitarra e fizemos a montagem da mesma. E prontos…temos cá uma Ibanez Frankstrat.